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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Página três - A primeira dança - II


Ele se aproximou da mesa, enquanto minhas maçãs do rosto queimavam. Eu devia estar extremamente vermelha, mas tentei me controlar. Ele sorriu.
- Lucy... Você está linda!
Ele falava meu nome com tanta naturalidade... Fez com que eu me sentisse um pouco boba, quando lembrei das tantas vezes que a dúvida surgiu na minha cabeça: ‘Será que ele lembra meu nome?
Não tive tempo suficiente para pensar em uma resposta ou agradecimento para o elogio; Adam me pegou pela mão sem que eu pudesse responder me levando para o meio do restaurante onde alguns casais dançavam. Apesar da expressão calma que ele demonstrava eu sentia suas mãos praticamente congeladas. Pelo jeito eu não era a única ansiosa ali, e aquilo me deixou um pouco mais confortável com aquela estranha situação.
Quase que automaticamente, a música mudou, passando agora para um ritmo mais lento. Senti meu rosto queimar novamente, dessa vez de uma forma mais intensa. Olhei seus olhos de perto e desviei assim que senti suas mãos em minha cintura, fitando o chão. Minha mãos enlaçavam-se sobre o pescoço de Adam, e eu tentava manter o ritmo. Eu me preocupava com o meu coração acelerado; me perguntava se ele era capaz de senti-lo. Meus pensamentos foram interrompidos pela voz doce, que soava como um sussurro:
- Que bom que você veio.
Será que as dúvidas também pairaram sobre a cabeça dele durante todo aquele tempo? Ele sorriu; eu o olhei e sorri de volta desviando o olhar logo depois, ainda sem saber exatamente o que dizer. Afinal, eu havia esperado tanto tempo por aquele momento, me preocupado com tantas coisas... E nunca tinha parado realmente para pensar o que eu deveria dizer quando esse momento chegasse. Só não imaginava ficar totalmente muda. Eu me sentia tão boba, e perdia tanto tempo pensando em agir que me esquecia do principal: ele estava ali, provavelmente esperando uma resposta minha.
Uma de suas mãos soltou minha cintura e tocou suavemente meu queixo, levantando meu rosto até que nossos olhos pudessem se encontrar.  Eu o fitei e me perdi. Me senti mais perdida do que dois segundos antes daquele gesto; e agora parecia mais impossível ainda que alguma palavra saísse da prisão que minha garganta se tornara desde quando ele chegou.
-Não precisa dizer nada, se não quiser.  Aliás... Gostaria muito de te mostrar uma coisa. Talvez você se sinta mais a vontade.
Olhei diretamente em seus olhos, tentando entender aquela frase. Aquilo poderia tomar um rumo diferente do planejado. Minha expressão tomou um ar indignado, com uma mistura de medo e decepção. Ele abriu um largo sorriso, e riu, se retratando:
-Não! Não é nada disso, Lucy! – ele gargalhava enquanto eu ainda tentava entender – Não vou me aproveitar de você, nada disso!!! Pensei nesse outro lugar como parte principal do nosso encontro. O restaurante era só um ponto de referência. Tenho uma surpresa pra você, e sei que vai gostar.
Ele parou de falar, ainda com um sorriso grande nos lábios, esperando minha resposta. Senti um alívio, mesmo sem saber do que se tratava. Eu confiava naquele olhar, mesmo sem algum motivo principal. Eu simplesmente confiava.
- O que está planejando? – eu sorria, enquanto o encarava, esperando uma resposta. Minha voz havia se libertado.
-Quero que você descubra quando chegar lá. Posso dizer que é um lugar que você conhece bem, e que provavelmente não vai há muito tempo. Pode confiar em mim?
Aquela pergunta se repetiu dentro de mim. Eu podia mesmo confiar nele? Era o que eu queria, e eu iria com ele. Já estava decidido. Dessa vez eu não senti necessidade de falar, apenas respondi com um sorriso.