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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Inspiração

É estranho como a inspiração parece fluir mais fácil em momentos de melancolia, tristeza e tédio. As palavras funcionam como um tipo de anestésico, distraem, completam algo que esteja faltando. É estranho o modo como elas confortam a alma. E ás vezes é tão difícil ficar calada; certos assuntos não se dizem. Apenas se sentem. 


Ou se escrevem

Memórias

Assim que saímos do restaurante, pude sentir o vento frio bater em meu rosto.

- Não vai demorar muito, fica a uns cinco minutos daqui.

Eu estava realmente curiosa para saber qual seria nosso destino. Fazia um bom tempo desde a última vez que eu estivera na cidade. Depois da morte de minha mãe, meu pai me mandou para um colégio feminino, numa província distante dali. Permaneci ali alheia do mundo por dois anos completos. Minha liberdade chegou junto com meu aniversário de dezoito anos. Saí de lá com alguns conhecimentos básicos sobre francês, culinária, costura e claro: com a vontade imensa de ver o mundo.
Lembro do dia em que saí do colégio. As cores eram mais vivas do portão daquele lugar para fora. Tudo que não fazia parte daquele lugar, e que não estivesse dentro dos limites daqueles muros altos parecia viver, e eu finalmente estava viva. Passados dois meses, finalmente a data que eu tanto havia esperado tinha chegado, e eu estava ali; era o meu agora.

O vento gélido lembrava pequenas navalhas acariciando minha pele, o inverno havia chegado a poucos dias. Aquela era minha estação favorita. Talvez os culpados por essa preferência fossem a neve e os lagos congelados, e já que aquele era meu primeiro inverno fora daquele lugar eu sinceramente não me importava com o vento cortante. Eu adorava aquela sensação. E apesar do frio de fora, por dentro eu parecia queimar. De felicidade? Sim, com certeza.

- Chegamos! - ele disse num tom animado. Reconhece?

De repente Adam parou, olhando para frente indicando o local. Eu olhei e reconheci rapidamente: era o jardim do General Tony. Nós o chamávamos assim pois ele era o General mais bem humorado de todas as reuniões que presenciei. Era o Tio Tony. Crianças não se importam com patentes nem cargos, por isso ele era nosso Tio Tony.

- Nossa! Adam, o Tio Tony? Nossa! Ele..

- Infelizmente não mora mais aqui. Mudou para outro estado e virou Marechal.

Se eu tivesse prestado mais atenção teria reparado em tantas pessoas estranhas andando pelo jardim. Aquele lugar havia se tornado um parque público, e o antigo casarão, a sede da prefeitura da cidade. E apesar de tantas mudanças, nada parecia ter mudado ali. Estava tudo exatamente igual, inclusive as rosas brancas da esposa do Tio Tony. O lago era enorme, e aparentava estar congelando. Caminhamos até um banco na margem do lago, e ali sentamos. Meu sorriso era inevitável...Eu adorava aquele lugar.

- Obrigada Adam.

- Eu sabia que você iria gostar.

Aquele sorriso que ele mantinha nos lábios me prendia de uma forma inexplicável. Era tão natural. Era como se eu nunca tivesse ficado sem aquele sorriso. Como se ele fosse só meu desde sempre.
Adam tirou seu sobretudo pesado, e colocou sobre meus ombros. Eu sorri em agradecimento. Porquê ainda era tão difícil simplesmente falar?

- Lucy...eu...esperei muito por esse dia...e quero que você saiba que...

- Adam...

Eu não queria ouvir, não agora...Eu não sabia como reagir àquela situação, estava perdida, insegura...Apesar de esperar ansiosa enquanto todos aqueles dias passassem; apesar de imaginar frases e gestos perfeitos para aquele momento, nada parecia fluir.

- Lucy, eu sempre amei você.

Não. Ele disse. 

Eu também sempre amei você Adam...Todos os dias e segundos, desde a primeira vem em que te vi, sempre foi você. Mas por que logo agora as palavras pareciam hesitar tanto? Era agora, eu sentia aquela urgência.

- Por favor, me desculpe...

Dizendo isso, uma de suas mãos tocou meu rosto, fazendo com que eu me aproximasse perto o bastante para um sussurro. Eu me perdia em seus olhos e o único som que eu era capaz de ouvir era do meu próprio coração. Eu já não escutava mais nada além disso. Senti sua respiração quente perto de meus lábios, e antes que eu conseguisse pensar em dizer algo, sua boca tocou a minha. Era macia, e quente. E aquilo estava realmente acontecendo. Dessa vez não era um sonho. Em alguns segundos, me recordei do antigo Adam correndo pelos jardins, sempre distante de mim.

Mas dessa vez, o garoto de cabelos loiros e bagunçados estava ao meu lado. E eu sentia que aquilo era para sempre. Aqueles segundos de repente se tornaram eternos.

sábado, 25 de setembro de 2010

A vírgula

Bem, o nome da postagem é 'a vírgula' para deixar claro que não houve um final. xD O blog só está parado - por tempo indeterminado - por falta de tempo. Preciso reorganizar algumas coisas - e organizar- e não tá dando pra postar x) O próximo capítulo está sendo feito faz mais de..1 mês? E não sai do lugar. Mas prometo e pretendo parar DE VERDADE para escrever. Promessa é dívida. E tá longe de ter um ponto final. ;)