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domingo, 31 de outubro de 2010

Annelise Taylor

Essa é a Anne desenhada - claro - pela Sophi. Aliás, as cores são essas. 
E a edição não está caprichada de propósito. ;D #aviso Achei que fica legal assim.

A história de um anjo | Capítulo 5

Já faziam três dias. Eu não chorava e nem perdia horas de sono – sim, era um grande passo – e eu já estava me acostumando com minha nova situação. Minha vida voltando ao normal, afinal. Até resolvi revelar meu “bat-esconderijo” e minha mãe ficou aliviada quando soube meu paradeiro; tão aliviada que logo estaria de volta ao Brasil. Ela sempre estava fora a trabalho, e uma vontade repentina tomou conta dela, e eu adorei a idéia. Já estávamos sem nos ver a quase cinco meses, e a saudade era esmagadora.

Ela chegaria logo, e isso não era um problema. Não até que eu olhasse ao meu redor: a casa estava um verdadeiro caos; coisas jogadas para todo lado. Copos espalhados em cima dos móveis, cama desarrumada, louça de uma semana na pia. Eu precisava arrumar tudo aquilo antes que ela chegasse; queria que ela tivesse uma boa impressão – claro, ignorei totalmente o fato de que ela conhecia tudo sobre mim, não era assim tão fácil enganá-la. Mas não queria exteriorizar minha tristeza. Aquela seria uma página virada na minha vida.

Meu celular tocou. Olhei o visor sem nenhum receio, eu sabia que não seria ele dessa vez. Dean tinha parado de me ligar, devia ter desistido; o jogo teria acabado. O prefixo era internacional, então me apressei a atender.

- Oi! Quando você chega?! – era a primeira vez em muitos dias que eu ouvia minha própria voz naquele tom animado.

- “Anne! Querida! Bom, devo chegar hoje de madrugada ou amanhã de manhã. Já estou indo para o aeroporto. Como você está querida? Fiquei tão preocupada com você!”

- É, estou bem... Que bom que está chegando... – abri um meio sorriso enquanto respondia a pergunta da pessoa elétrica do outro lado da linha.

- “Olha, preciso desligar, vou fazer o check-in, mas logo estou por aí. Beijo!”

- Outro.

Desliguei o celular, e ele tocou novamente antes que eu tivesse tempo de colocá-lo sobre a mesa. Atendi sem olhar o identificador, devia ser mamãe de novo.

- Alô?

O silêncio me respondeu.

- Alô? Mãe?

Olhei o visor e a chamada era restrita. Levei o celular novamente ao ouvido e a ligação caiu.
Abri o note book e não havia nenhum email novo, o que era estranho para mim, mas normal para um dia de domingo. Até que uma janelinha apareceu, alertando uma nova mensagem instantânea. E novamente o remetente irritante tentava me tirar do sério. Levei o mouse até a opção “sair”, mas a curiosidade venceu como das outras vezes.

Matt diz:
Parece um pouco melhor hoje. É bom ver finalmente um sorriso em seu rosto Anne.

Pensei comigo mesma sobre a possibilidade de ser mais uma jogada, mas aquilo estava ultrapassando os limites de um espertinho; será que alguém da imprensa estava me espionando? Será que estava ali durante todos aqueles dias? Como eu não tinha percebido! Devia ser a tal revista de fofoca atrás de informações exclusivas dobre a ex-namorada-fracassada do Dean. Eles não desistiam nunca. Dessa vez mais calma, decidi responder.

Anne diz:
Não sei o que vocês querem comigo, mas é a minha privacidade. Ou saem, ou eu processo vocês. Não vão conseguir nenhuma informação bombástica para a revistinha tosca de vocês, desistam.

Matt diz:
Você é...hilária Anne.

Não percebi a piada. O que eu tinha dito de tão engraçado?

Matt diz:
Você é engraçada. Sua falta de fé é engraçada.

Não. Aquele papo de fé de novo? Além de doido, o cara era fanático por religião. Era só o que me faltava: ser perseguida por um lunático. Será que também era tarado? Por que; se as câmeras estavam ali vinte e quatro horas por dia, existia uma grande chance de terem me flagrado trocando de roupa várias vezes. Droga! O que eles fariam com as imagens? Venderiam? Estavam planejando alguma chantagem se eu não contasse todos os detalhes sobre a vida do Dean, ou nosso término? Eu não sabia que essas pessoas iam tão longe por uma reportagem inútil sobre a vida dos famosos. O pior é que nem famosa eu era.

Anne diz:
Olha Matthew, não sei o que você quer, mas eu posso pagar se você resolver desistir. Quero todas as imagens de volta, e quero que me deixem em paz. Entendeu?

Matt diz:
Qual foi a última vez que teve paz? Eu não acho que eu tenha algo a ver com ela. E vou dizer pela última vez, eu não tenho nada a ver com essa revista.

Anne diz:
Então o que você quer?

Minha calma se transformava em irritação, como sempre; desde que esse infeliz havia aparecido. Era sempre assim: eu ia de zero a cem em segundos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Matthew

Esse aí é o Matt. (ou o Adam da Sophi ;3) → ela não se conformou ainda com a mudança de nome.


Ele foi feito hoje de manhã, e a inspiração veio de um garoto no metrô (-q) e um clipe. :3

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Adam's

Não, não se trata da marca de chicletes. Se trata do meu vício
sem sentido por esse nome sem graça. Eu - inicialmente - já
tinha decidido colocar no anjo da história nova o nome Adam.
MAS eu comecei a postar a outra, com este mesmo nome.
Agora que eu resolvi postar essa, fiquei um tempão tentando
encontrar um nome para substituir. Mas como você substitui
se o personagem e o perfil psicológico dele dizem 'Oi, me chamo
Adam'? Não sei. Sinceramente. x3 Mas resolvi colocar Matthew,
porquê é um nome bonito, e eu relamente não quero dar uma
de Manoel Carlos e suas milhares Helenas ;3 (Não que isso seja
errado). O difícil é conseguir diversas personalidades para cada
Helena, ou Adam. É aí que entra o talento. Mas bem, prefiro
evitar as confusões. :3




SIGNIFICADO DE MATTHEW:
MATTHEW: variante de MATEUS 
ORIGEM DO NOME MATTHEW
BÍBLICO

SIGNIFICADO DE MATTHEW

"OFERTA DE DEUS". FOI APÓSTOLO DE JESUS, DEPOIS DE TER SIDO
EM JERUSALÉM COLETOR DE IMPOSTOS.

Da autora V

Sim, mais um capítulo. A inspiração TEVE que surgir, porque como eu eu imaginava,perdi os capítulos prontos. Mas tá aí :D
E as ilustrações 'talvez' saiam, alias, vão sair, só não sei quando kkkk A Sophi já 
desenhou a Anne e o Matt, ficaram lindos! E o Dean também. (Ele vai ser citado logo mais) Bom, continuem lendo! E obrigada pelas visitas! :3

A história de um anjo | Capítulo 4


Abri a janela do quarto, e dei de cara com o seu azul borrifado de nuvens brancas. O dia parecia mais alegre do que os anteriores. Aquele clima de luto começava a me deixar, e eu até conseguia respirar mais facilmente.
Abri o note book, e comecei a vasculhar os e-mail’s de Nilo. Queria algum trabalho fácil, que eu pudesse fazer sem sair de casa – eu ainda não estava pronta para sair dali. O sítio tinha se tornado meu forte, e eu não sairia dali tão cedo. Os dias que passei ali tinham um gosto inconfundível de melancolia, mas foram também os dias mais silenciosos que vivi. O silêncio é bom de vez em quando; até minha alma parecia mais calma.
Não havia nenhum e-mail novo de Nilo, ou seja; o tédio era certo. Eu precisava me ocupar. Queria sentir gostos diferentes que não fossem os da melancolia, ou do tédio. Uma janela subiu, e eu me surpreendi. A criatividade parecia ter tomado conta do “ser - desocupado” que parecia estar decidido a me importunar. Ele agora tinha um nome. Matt? Nossa. Que criativo.

Matt diz:
Bom dia Anne.

Espera aí. De onde ele tirou essa intimidade toda?

Anne diz:
Em primeiro lugar, “Matt”, não me chame assim. Não te conheço.

Matt diz:
Porquê você é sempre tão mau-humorada?

Anne diz:
Eu não seria se vocês deixassem de ser tão idiotas. Aliás, esse é um defeito das pessoas desocupadas como vocês. Não tem mais o que fazer?

Matt diz:
Na verdade não. É exatamente o que eu tenho que fazer. E..não sei porquê você insiste em achar que trabalho em revistas de fofoca. Você nem ao menos me conhece Anne. Seu mau-humor é infundado.

Até que para um redator de revista de fofoca ele escrevia bem.

Anne diz:
Não te conheço, e nem pretendo.

Matt diz:
Meu nome é Matthew e preciso encontrar você. Mas você precisa querer isso.

Anne diz:
HAHAHAHAHA! CLARO. Claro! ÓBVIO! Olha aqui, Matthew né? Não quero conhecer você. Não quero ser entrevistada nem espionada. Dá pra me deixar em paz?

Matt diz:
Você não tem fé. Esse é seu maior defeito. Aliás, você não tem fé em nada...

Anne diz:
Muito menos em pessoas como você!

Fechei o note book irritada. Ele parecia mais irritante cada vez que resolvia me importunar. Era o trabalho dele...Mas qual é! Não dava pra ser um pouco menos chato? E menos insistente, talvez?

sábado, 9 de outubro de 2010

O Inconsciente Subconsciente

É daí que vem a maior parte das histórias. É mais sentir, sabe?
Depois disso, é só tentar colocar em palavras aquilo que mais
parece um tipo de delírio bom. As cenas, os sentimentos, a dor
dos personagens, os sorrisos sinceros que PRECISAM se tornar
palavras. Eu tento colocar em palavras o que eu sinto


Isso evita que eu sufoque em meio a tanta confusão. 

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Da autora IV

Eu descobri que 1 capítulo dessa história podia se dividir em 3 capítulos para o Blog. Eu não iria postar ele inteiro, podia parecer cansativo para quem iria ler >< Então eu dividi :D Eu espero não perder essa inspiração tão cedo..Não quero pausar o blog de novo! x3 
E outra coisa, é sobre o nome da história. 'SUPER' criativo né?! hahahah Tá, eu fui master hirônica agora..sei que é horrível. Mas não encontrei melhor. Então..a história é sobre o quê mesmo? Sim! Uma história sobre um anjo.Então...

"A história de um anjo."

É, foi isso aí. :D 
Continuem lendo, e bem, nem vou pedir pra comentar tá?! haha ;P

A história de um anjo | Capítulo 3

Bufei e um sorriso irônico apareceu em meus lábios. Bela jogada. Ele preveu que eu apagaria os e-mails, muito criativo.

- Sim, você é muito idiota! – dessa vez falei mais alto, brigando com o computador. Eu deveria estar surtando, discutindo sozinha. Outra janelinha.

Pare de me chamar de idiota. Não sou idiota. E você não está discutindo sozinha, eu já disse que não está sozinha.


- Tá bom, a brincadeira acabou! Não achei a menor graça. – é, eu começava a achar aquilo tudo muito sem graça. Aquela pessoa me conhecia muito bem, para saber o que eu faria ou falaria naquela situação. E deveria ter calculado perfeitamente o tempo de cada uma das minhas reações. Mais uma janelinha.

O que te faz achar que é brincadeira?”

Aquilo começava a me assustar. Será que alguém estava me espionando? Uma câmera, ou microfone? Percorri o note book com os olhos, e revirei de todos os lados. Não encontrei nada de anormal. Mas para prevenir, desliguei o note book, fechei e deixei em cima da cama. Aquele idiota não estragaria meu dia. Eu tinha decidido sair da melancolia e era exatamente isso que eu iria fazer. Vesti uma blusa de lã fina, enquanto encarava o note book ainda desconfiada. Tentei esquecer o idiota metido à paranormal e saí para a varanda com o copo de chá na mão. Me acomodei na cadeira estofada e observei o gramado encharcado pela chuva que ainda caia, com mais intensidade. Dei um gole no chá e fiz uma careta; já estava frio. Voltei meu olhar para o gramado, e fitei o lago por alguns instantes. Como aquele lugar me dava paz...
Meu lugar preferido desde criança. Todas as férias eram destinadas ao sítio, onde antigamente moravam meus avós. Sempre gostei desse clima do interior, das pessoas simples, do dia a dia simples. Era um lugar onde eu encontrava minha paz. A casa antiga feita de tijolinhos de barro me fazia pensar quando criança: ‘como eles colocaram um por um aí? São muitos tijolinhos. Deve ter demorado um século. ’ É. Até hoje eu me perguntava isso. Bocejei enquanto viajava nos meus pensamentos e percebi que ainda estava morrendo de sono; resolvi então fazer alguma coisa que me distrairia; algo que eu pudesse fazer mesmo estando em um estágio avançado de preguiça: assistir um filme. Um bom filme iria me animar.
Entrei e fechei a porta da varanda para evitar o vento frio que soprava. Fui até a estante e escolhi um filme, optei por uma comédia, nada mais apropriado. Um de aventura seria tediante, e romances acabariam de vez comigo. Me enrolei nos cobertores novamente, estava tão confortável... Não sei se eu aguentaria muito mais tempo acordada.
Meus olhos se abriram, fitando a tela da tevê desligada. O vento entrava pela janela aberta e sacudia as cortinas. Pensando bem, não me lembro de ter deixado a janela aberta. Percorri o quarto com meus olhos, que se adaptavam à escuridão; já devia ser bem tarde. Quanto eu tempo eu teria dormido?

- Anne...? – uma voz baixa sussurrou meu nome e eu me assustei.

Olhei para a porta do quarto de onde vinha o som daquela voz e vi a silhueta de um rapaz. Estava escuro, e eu não consegui ver muito mais do que uma sombra. Em um pulo me sentei na cama afundando na cabeceira enquanto meu coração batia acelerado. Estranhamente não consegui pronunciar nenhuma palavra nem emitir algum som; eu estava presa dentro de mim mesma.

- Não tenha medo. Está tudo bem. – Percebi nesse momento a sombra se aproximar enquanto esticava um de seus braços em minha direção.

Não conseguia me mover, então fiquei olhando apavorada enquanto ele se aproximava. Sua voz doce penetrou nos meus ouvidos, o pânico agora não me tirava apenas a voz, mas a capacidade de pensar em alguma ação também. Eu gritava por dentro.
Abri os olhos e me assustei com a tevê alta. Ainda estava passando os trailers e o filme nem tinha começado.Tudo não tinha passado de um sonho.
 Tentava controlar minha respiração ainda um pouco ofegante por causa do susto, enquanto observava o quarto, só para prevenir. Olhei para a janela fechada e bocejei; com certeza não conseguiria ver o filme até o final. Peguei o controle da tevê e desliguei sem pensar muito. Eu precisava dormir; recuperar o sono perdido. Mas o sonho tinha sido tão real...Foi tudo tão... Real. Devo ter ficado paranóica depois daqueles e-mails geniais. Resolvi deixar pra lá, nada tiraria meu sono.

A história de um anjo | Capítulo 2

Liguei o chuveiro para que esquentasse enquanto eu tirava a roupa, a água devia estar congelando. Pisei no chão frio do banheiro deixando o chinelo para trás, indo rapidamente para debaixo da água quente que o chuveiro despejava. Fechei os olhos, somente sentindo a água escorrer pelo corpo, procurando não pensar em nada. Percebi que essa seria uma tarefa difícil, então me concentrei no banho. Lavar, enxaguar, secar. A concentração fez com que o banho acabasse logo; pelo menos eu estava colaborando com a salvação do mundo. Menos gasto com água, menos energia desperdiçada - já tinha feito a minha boa ação do dia sem sair de casa.
Coloquei uma roupa quente e preparei um chá mate: o meu preferido. Eu tinha acabado de decidir que aquele dia seria diferente de todos os outros 56. Aquela melancolia começava a me dar nos nervos.
Peguei meu note book, o meu ‘grande amigo inseparável’, e levei até a cama. Ele e minha câmera digital eram meus companheiros em todas as horas. As outras câmeras eram mais precisas, e tinham um ar mais profissional, mas a digital era a única que eu podia levar aonde quer que fosse. Eu trabalhava 24 horas por dia e gostava disso. Mesmo nos 56 dias torturantes eu não deixei de trabalhar um dia se quer, era algo que me fazia sentir um pouco melhor, ou menos inútil. Eu deixava alguns trabalhos guardados, caso eu não tivesse tempo de fazer algo novo. Eram meus planos B, C, D e assim por diante. Ficavam arquivados caso eu precisasse, então eu teria material suficiente para algumas semanas, uns dois meses ou mais. Eu editava as fotos, e mandava para o cliente. A tecnologia parecia ser a única a meu favor.
Tomei um gole de chá e coloquei a caneca em cima do criado mudo – que já estava todo manchado pelos copos e pela minha falta de cuidado. Vovó odiaria ver seu criado mudo de madeira maciça naquele estado.
Abri o e-mail e li aquele nome irritante repetido mais de 20 vezes na tela do note book, selecionei um por um dos e-mails e exclui, sem pensar duas vezes. Ele não me deixaria em paz? Um dos muitos e-mails estava endereçado com um nome que me arrancou um sorriso, fui obrigada a ler.

Ana Taylor diz:
Anne querida, porque não me manda notícias? Vai me deixar morrer aqui na Espanha de tanta preocupação! Vovô disse que você não liga a mais de um mês, por favor, me dê um sinal de vida, pelo menos para eu ter certeza de que está bem. A imprensa não para de me ligar querendo saber notícias suas. Por favor, responda meu e-mail. A mamãe ama você.”

Mamãe. Devia estar a beira de um ataque de nervos. E quem não estaria, tendo em seu pé um bando de sanguessugas que se denominam repórteres? Respondi o e-mail com uma mensagem curta, mas acho que bastaria para acalmá-la.

Annelise Taylor diz:
Mamãe, está tudo bem, não se preocupe. Manda a imprensa pro inferno, por mim. Também amo você.”

A lista era gigante, a maior parte dos e-mails endereçados pela produtora onde eu trabalhava, enviados por Nilo, meu chefe. Incrivelmente paciente e compreensivo, disse que me daria o tempo que eu precisasse com a condição de que eu não o deixaria na mão, pediu para que eu não deixasse de mandar material novo e que eu desse meus palpites – incríveis, como ele mesmo costumava dizer. Ele era meu chefe, mas trabalhávamos como uma dupla; éramos uma espécie de sócios. Amigos, acima de tudo.
Eu ignorei seus e-mails, podiam esperar. Apenas um me chamava atenção naquele momento, e não havia remetente. Apenas o campo do assunto estava preenchido: Leia-me.
As palavras me chamaram atenção, então cliquei sem pensar muito.

Anne, você não está sozinha. Tenha fé.”

Apertei os olhos e franzi a testa lendo aquela mensagem. Porque algumas pessoas perdiam tanto tempo com esse tipo de coisa? Devia ser algum idiota. O indivíduo não prestava nem para se identificar. Deletei sem pensar muito. ‘Tenha fé’. Fala sério.
Resolvi então começar a ler os e-mails do Nilo, eu não tinha nada para fazer mesmo, era melhor do que deixá-los acumular. Enquanto eu lia, uma janelinha apareceu no canto direito da tela me alertando sobre uma nova mensagem. Eu cliquei e outra janela se abriu, revelando outra mensagem. O ser desocupado tinha sido mais criativo dessa vez na identificação do remetente: 123@sky.com.

Não tenha medo. Você não está sozinha.

- Idiota. – resmunguei comigo mesma enquanto excluía a mensagem.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Annelise Taylor

Sim! Esta é a nova personagem - nem tão nova assim. Ela nasceu antes 
da Lucy, bem antes x3 A história estava parada a alguns meses, mas resolvi voltar. Eu já não encontrava 'aquela' melancolia toda para escrever a história... 
Mas eu me apaixonei pelos personagens principais, e algumas pessoas também,
então resolvi continuar. Espero que gostem dessa! Não esqueçam de deixar comentários e seguir o blog. 


Boa leitura! -ou nem tão boa assim ;P

A história de um anjo | Capítulo I


Um feixe de luz atravessava o quarto de um lado a outro e atingia meu rosto. Afundei entre as cobertas tentando escapar da claridade e da realidade: eu ainda estava viva. A esperança diária de que eu podia dormir e não acordar na manhã seguinte nascia em mim todas as noites e morria pelas manhãs durante os dias que se passavam. E não eram poucos: um mês, 3 semanas e 4 dias. 56 dias que pareciam não ter fim. 1344 horas que passavam devagar. Minha vida estava passando como um vídeo em slow motion; que eu não fazia questão, mas era obrigada a ver.
Até que minhas contas terrivelmente precisas foram interrompidas pelo celular que tocava insistentemente. Descobri a cabeça e observei o aparelho que vibrava como se tivesse vida própria em cima do criado mudo; eu nem precisava ver o número no identificador de chamadas, eu já sabia quem era. O barulho do celular – meu inferno portátil, como eu o havia apelidado a algumas semanas – começava a me irritar, então rapidamente estiquei e apertei o botão vermelho. Paz. Mal tinha desligado o aparelho e o maldito vibrou de novo em minha mão. Dessa vez foi inevitável olhar o número da pessoa insistente; eu tinha acertado. Óbvio. Eu só não entendia o porquê da insistência. Encarei o celular e pensei por um segundo ou dois se deveria atender; talvez fosse melhor acabar com aquilo de uma vez, dizer umas boas verdades, chorar, berrar; talvez ele não ligasse mais. Ou talvez tudo aquilo fosse apenas mais uma de suas estranhas diversões e ele quisesse dar sua última cartada, ou quisesse cravar aquela faca mais fundo – como se a dor que eu estava sentindo ainda não fosse o suficiente. No terceiro segundo eu já tinha decidido: pressionei o botão vermelho por um tempo mais longo, e a tela do aparelho se apagou. Novamente paz. Eu não suportaria mais dor. Uma lágrima caiu sem que eu percebesse e eu levei a mão ao rosto; aquele gesto já tinha se tornado algo automático e comum pra mim, as lágrimas fugitivas ainda escapavam de vez em quando.
Droga, meu sono tinha passado. Eu não lembro qual teria sido a última vez em que eu dormia uma noite inteira. Eu dormia tarde, e acordava cedo – geralmente com um babaca me ligando.

Empurrei as cobertas formando um bolo macio e colorido no pé da cama, e senti meu corpo estremecer. O frio de maio era incomum para a época, mas já dava para ter uma noção do inverno que se aproximava. Levantei e caminhei até a cortina, abrindo espaço entre elas com uma das mãos, e observei o gramado úmido com a chuva fina que caia. As árvores sem folhas e escuras marcavam o ápice do outono, e deixavam a paisagem mais triste, como se aquilo tudo fosse de propósito. É: nada parecia estar a meu favor.

Em passos lentos e preguiçosos fui até o banheiro, abrindo a torneira da pia. A água fria tocou o meu rosto pálido e eu olhei para o espelho, na esperança de ver algo melhor. Droga! As olheiras pareciam mais fundas e roxas a cada dia. Eu estava parecendo uma verdadeira zumbi. Passei os dedos entre os fios de cabelo embaraçados, e tive pena dos meus cachos. Estavam mais parecidos com nós do que com cachos. Olhei para o espelho e franzi a sobrancelha; eu odiava aquela imagem. Eu estava começando a ter pena de mim, ou nojo. Fazia dias que eu não penteava o cabelo. O banho era obrigatório, mas o cabelo estava sempre preso em coque, para evitar a água e o trabalho de lavar, enxaguar e pentear. Eu não tinha motivos pra isso. Ninguém iria me ver; então aquele trabalho todo era dispensável. Mas naquele momento eu percebi que eu não ficava bem de dreads. Se eu ficasse assim mais alguns dias logo poderia ser comparada com o Bob Marley, com a grande diferença de que ele sabia cantar, e eu não.