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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Da autora IV

Eu descobri que 1 capítulo dessa história podia se dividir em 3 capítulos para o Blog. Eu não iria postar ele inteiro, podia parecer cansativo para quem iria ler >< Então eu dividi :D Eu espero não perder essa inspiração tão cedo..Não quero pausar o blog de novo! x3 
E outra coisa, é sobre o nome da história. 'SUPER' criativo né?! hahahah Tá, eu fui master hirônica agora..sei que é horrível. Mas não encontrei melhor. Então..a história é sobre o quê mesmo? Sim! Uma história sobre um anjo.Então...

"A história de um anjo."

É, foi isso aí. :D 
Continuem lendo, e bem, nem vou pedir pra comentar tá?! haha ;P

A história de um anjo | Capítulo 3

Bufei e um sorriso irônico apareceu em meus lábios. Bela jogada. Ele preveu que eu apagaria os e-mails, muito criativo.

- Sim, você é muito idiota! – dessa vez falei mais alto, brigando com o computador. Eu deveria estar surtando, discutindo sozinha. Outra janelinha.

Pare de me chamar de idiota. Não sou idiota. E você não está discutindo sozinha, eu já disse que não está sozinha.


- Tá bom, a brincadeira acabou! Não achei a menor graça. – é, eu começava a achar aquilo tudo muito sem graça. Aquela pessoa me conhecia muito bem, para saber o que eu faria ou falaria naquela situação. E deveria ter calculado perfeitamente o tempo de cada uma das minhas reações. Mais uma janelinha.

O que te faz achar que é brincadeira?”

Aquilo começava a me assustar. Será que alguém estava me espionando? Uma câmera, ou microfone? Percorri o note book com os olhos, e revirei de todos os lados. Não encontrei nada de anormal. Mas para prevenir, desliguei o note book, fechei e deixei em cima da cama. Aquele idiota não estragaria meu dia. Eu tinha decidido sair da melancolia e era exatamente isso que eu iria fazer. Vesti uma blusa de lã fina, enquanto encarava o note book ainda desconfiada. Tentei esquecer o idiota metido à paranormal e saí para a varanda com o copo de chá na mão. Me acomodei na cadeira estofada e observei o gramado encharcado pela chuva que ainda caia, com mais intensidade. Dei um gole no chá e fiz uma careta; já estava frio. Voltei meu olhar para o gramado, e fitei o lago por alguns instantes. Como aquele lugar me dava paz...
Meu lugar preferido desde criança. Todas as férias eram destinadas ao sítio, onde antigamente moravam meus avós. Sempre gostei desse clima do interior, das pessoas simples, do dia a dia simples. Era um lugar onde eu encontrava minha paz. A casa antiga feita de tijolinhos de barro me fazia pensar quando criança: ‘como eles colocaram um por um aí? São muitos tijolinhos. Deve ter demorado um século. ’ É. Até hoje eu me perguntava isso. Bocejei enquanto viajava nos meus pensamentos e percebi que ainda estava morrendo de sono; resolvi então fazer alguma coisa que me distrairia; algo que eu pudesse fazer mesmo estando em um estágio avançado de preguiça: assistir um filme. Um bom filme iria me animar.
Entrei e fechei a porta da varanda para evitar o vento frio que soprava. Fui até a estante e escolhi um filme, optei por uma comédia, nada mais apropriado. Um de aventura seria tediante, e romances acabariam de vez comigo. Me enrolei nos cobertores novamente, estava tão confortável... Não sei se eu aguentaria muito mais tempo acordada.
Meus olhos se abriram, fitando a tela da tevê desligada. O vento entrava pela janela aberta e sacudia as cortinas. Pensando bem, não me lembro de ter deixado a janela aberta. Percorri o quarto com meus olhos, que se adaptavam à escuridão; já devia ser bem tarde. Quanto eu tempo eu teria dormido?

- Anne...? – uma voz baixa sussurrou meu nome e eu me assustei.

Olhei para a porta do quarto de onde vinha o som daquela voz e vi a silhueta de um rapaz. Estava escuro, e eu não consegui ver muito mais do que uma sombra. Em um pulo me sentei na cama afundando na cabeceira enquanto meu coração batia acelerado. Estranhamente não consegui pronunciar nenhuma palavra nem emitir algum som; eu estava presa dentro de mim mesma.

- Não tenha medo. Está tudo bem. – Percebi nesse momento a sombra se aproximar enquanto esticava um de seus braços em minha direção.

Não conseguia me mover, então fiquei olhando apavorada enquanto ele se aproximava. Sua voz doce penetrou nos meus ouvidos, o pânico agora não me tirava apenas a voz, mas a capacidade de pensar em alguma ação também. Eu gritava por dentro.
Abri os olhos e me assustei com a tevê alta. Ainda estava passando os trailers e o filme nem tinha começado.Tudo não tinha passado de um sonho.
 Tentava controlar minha respiração ainda um pouco ofegante por causa do susto, enquanto observava o quarto, só para prevenir. Olhei para a janela fechada e bocejei; com certeza não conseguiria ver o filme até o final. Peguei o controle da tevê e desliguei sem pensar muito. Eu precisava dormir; recuperar o sono perdido. Mas o sonho tinha sido tão real...Foi tudo tão... Real. Devo ter ficado paranóica depois daqueles e-mails geniais. Resolvi deixar pra lá, nada tiraria meu sono.

A história de um anjo | Capítulo 2

Liguei o chuveiro para que esquentasse enquanto eu tirava a roupa, a água devia estar congelando. Pisei no chão frio do banheiro deixando o chinelo para trás, indo rapidamente para debaixo da água quente que o chuveiro despejava. Fechei os olhos, somente sentindo a água escorrer pelo corpo, procurando não pensar em nada. Percebi que essa seria uma tarefa difícil, então me concentrei no banho. Lavar, enxaguar, secar. A concentração fez com que o banho acabasse logo; pelo menos eu estava colaborando com a salvação do mundo. Menos gasto com água, menos energia desperdiçada - já tinha feito a minha boa ação do dia sem sair de casa.
Coloquei uma roupa quente e preparei um chá mate: o meu preferido. Eu tinha acabado de decidir que aquele dia seria diferente de todos os outros 56. Aquela melancolia começava a me dar nos nervos.
Peguei meu note book, o meu ‘grande amigo inseparável’, e levei até a cama. Ele e minha câmera digital eram meus companheiros em todas as horas. As outras câmeras eram mais precisas, e tinham um ar mais profissional, mas a digital era a única que eu podia levar aonde quer que fosse. Eu trabalhava 24 horas por dia e gostava disso. Mesmo nos 56 dias torturantes eu não deixei de trabalhar um dia se quer, era algo que me fazia sentir um pouco melhor, ou menos inútil. Eu deixava alguns trabalhos guardados, caso eu não tivesse tempo de fazer algo novo. Eram meus planos B, C, D e assim por diante. Ficavam arquivados caso eu precisasse, então eu teria material suficiente para algumas semanas, uns dois meses ou mais. Eu editava as fotos, e mandava para o cliente. A tecnologia parecia ser a única a meu favor.
Tomei um gole de chá e coloquei a caneca em cima do criado mudo – que já estava todo manchado pelos copos e pela minha falta de cuidado. Vovó odiaria ver seu criado mudo de madeira maciça naquele estado.
Abri o e-mail e li aquele nome irritante repetido mais de 20 vezes na tela do note book, selecionei um por um dos e-mails e exclui, sem pensar duas vezes. Ele não me deixaria em paz? Um dos muitos e-mails estava endereçado com um nome que me arrancou um sorriso, fui obrigada a ler.

Ana Taylor diz:
Anne querida, porque não me manda notícias? Vai me deixar morrer aqui na Espanha de tanta preocupação! Vovô disse que você não liga a mais de um mês, por favor, me dê um sinal de vida, pelo menos para eu ter certeza de que está bem. A imprensa não para de me ligar querendo saber notícias suas. Por favor, responda meu e-mail. A mamãe ama você.”

Mamãe. Devia estar a beira de um ataque de nervos. E quem não estaria, tendo em seu pé um bando de sanguessugas que se denominam repórteres? Respondi o e-mail com uma mensagem curta, mas acho que bastaria para acalmá-la.

Annelise Taylor diz:
Mamãe, está tudo bem, não se preocupe. Manda a imprensa pro inferno, por mim. Também amo você.”

A lista era gigante, a maior parte dos e-mails endereçados pela produtora onde eu trabalhava, enviados por Nilo, meu chefe. Incrivelmente paciente e compreensivo, disse que me daria o tempo que eu precisasse com a condição de que eu não o deixaria na mão, pediu para que eu não deixasse de mandar material novo e que eu desse meus palpites – incríveis, como ele mesmo costumava dizer. Ele era meu chefe, mas trabalhávamos como uma dupla; éramos uma espécie de sócios. Amigos, acima de tudo.
Eu ignorei seus e-mails, podiam esperar. Apenas um me chamava atenção naquele momento, e não havia remetente. Apenas o campo do assunto estava preenchido: Leia-me.
As palavras me chamaram atenção, então cliquei sem pensar muito.

Anne, você não está sozinha. Tenha fé.”

Apertei os olhos e franzi a testa lendo aquela mensagem. Porque algumas pessoas perdiam tanto tempo com esse tipo de coisa? Devia ser algum idiota. O indivíduo não prestava nem para se identificar. Deletei sem pensar muito. ‘Tenha fé’. Fala sério.
Resolvi então começar a ler os e-mails do Nilo, eu não tinha nada para fazer mesmo, era melhor do que deixá-los acumular. Enquanto eu lia, uma janelinha apareceu no canto direito da tela me alertando sobre uma nova mensagem. Eu cliquei e outra janela se abriu, revelando outra mensagem. O ser desocupado tinha sido mais criativo dessa vez na identificação do remetente: 123@sky.com.

Não tenha medo. Você não está sozinha.

- Idiota. – resmunguei comigo mesma enquanto excluía a mensagem.