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domingo, 25 de julho de 2010

Da autora III

Antes que me chamem de louca, preciso postar uma mudança no cenário da história. Ela vai acontecer durante os anos 20, começo dos anos 30. Naquele clima 'isso pode', 'isso não pode' dessa época, pouco antes a segunda guerra mundial. E vai dar pra sentir a personagem conquistando sua liberdade aos poucos.
Essa mudança aconteceu porque ao pensar no figurino dos personagens, a Sophi resolveu se inspirar nas criações da Coco Chanel, e eu achei o máximo! Coco Chanel sempre esteve à frente do seu tempo, então, é uma inspiração ótima.



http://pt.wikipedia.org/wiki/Coco_Chanel (um pouquinho sobre ela)

Da autora II

Essa é uma das primeiras cenas da história, quando a Lucy acorda na chuva.
Eu amei quando eu vi como a Lucy tinha ficado! Exatamente como imaginei.
Como as imagens serão sempre em tom de sépia, vocês dependerão muito
da interpretação para ver as cores das cenas. Mas dá pra eu adiantar que
a Lucy tem olhos verdes e cabelos pretos, um pouco maior do que a altura 
do ombro. Nessa ilustração ela aparece com roupas comtemporâneas, mas
a história se passa nos anos 70. Nos próximos desenhos os personagens já
aparecerão com as roupas originais.
Sophia é a desenhista, e co-autora, pois me ajuda a idealizar algumas das
cenas.E talvez ela me mate com esse próximo desenho, postado sem a autorização dela kkkkk mas ficou lindo, ela também gostou, enfim. É só uma prévia do que está por vir.


Logo mais postarei a continuação. Espero que estejam gostando. Comentem,
e dêem sugestões sempre que puderem. Até a próxima. ;D

Página três - A primeira dança


Os ponteiros de prata do relógio na parede do restaurante marcavam oito e meia em ponto; exatamente  o horário combinado.  Fazia quinze minutos desde a minha chegada, contrariando a velha tradição feminina do ‘atraso’ em encontros. A pontualidade poderia ser uma das minhas qualidades, mas não era somente este o motivo que me fizera chegar ali tão cedo. Era a ansiedade; a urgência em rever aqueles olhos.
Retirei do bolso o papel manchado e amassado das tantas vezes que o abri e reli, relendo pela última vez para garantir que era mesmo aquele o horário e o local.
Olhei para os lados enquanto a música ambiente do restaurante penetrava em meus ouvidos; aquilo me mantinha tranqüila, e ao mesmo tempo, mais nervosa a cada mudança de música.
O pianista passou a ser uma espécie de relógio;  agora o que eu marcava eram as notas, e não os minutos. E passadas 4 músicas, eu já não agüentava mais esperar.
E quando minha impaciência ameaçava me sufocar, ele entrou pela porta do restaurante, e eu sorri. Minha respiração ficou um tanto ofegante. Nem eu sabia que eu era capaz de chegar àquele ponto de nervosismo; mas era ele ali. E dessa vez, eu poderia me aproximar de verdade. Eu poderia agir como ‘eu mesma’ pela primeira vez em anos.
Nossos pais eram generais militares, cada um em sua região, mas eventualmente se reuniam em jantares do que eles chamavam de ‘confraternização’. E era sempre a mesma coisa: falavam sobre supostas conspirações, possíveis ataques; e a confraternização era o que menos se podia ver por ali. Adam e eu sempre comparecemos a todos os jantares  desde pequenos, quando ainda nos divertíamos sem culpa alguma pelos jardins enormes das casas dos militares.
Mas conforme crescíamos, a ansiedade que eu sentia pelos próximos jantares de confraternização aumentava, e aquilo começou a ser estranho aos olhos de meus pais. Com o passar do tempo, eu já não podia mais brincar pelos jardins, e passei a participar das conversas femininas nas salas de estar. Eu passei a odiar os jantares, a não ser pelos breves e raros momentos em que eu ia até a janela observar as outras crianças que brincavam e conversavam no jardim. Adam sempre acenava pra mim de lá de fora, e eu abria um sorriso como resposta. Aos dezesseis anos, eu já tinha uma certeza, e um segredo. Eu era apaixonada pelo garoto de cabelos loiros e bagunçados, e eu esperaria por ele. Esse era meu segredo. Eu temia meus pais. Eles poderiam simplesmente me proibir de ir a qualquer  um desses jantares...e eu nunca mais o veria.
Por isso, tentava me portar como uma verdadeira dama, eu participava das conversas fúteis, e me fazia de interessada. Eu conseguia interpretar esse papel bobo que meus pais adoravam ver.
Até que um dia, Adam entrou na sala de estar, para dar um recado à sua mãe. Eu me lembro muito bem desse dia, as imagens ainda são nítidas. Ele estava com uma blusa social branca, com os dois primeiros botões abertos. Passou por mim quando saía da sala e pegou em minha mão, deixando nela um papel. O movimento foi rápido, e ninguém percebeu.  Ele ainda olhou para trás, deu um sorriso e olhou fundo em meus olhos. O bilhete marcava um encontro para dali dois anos e cinco meses, e aquilo me deixou confusa. Por que tanto tempo?  E a data era hoje. E ele havia chegado.