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terça-feira, 12 de outubro de 2010

A história de um anjo | Capítulo 4


Abri a janela do quarto, e dei de cara com o seu azul borrifado de nuvens brancas. O dia parecia mais alegre do que os anteriores. Aquele clima de luto começava a me deixar, e eu até conseguia respirar mais facilmente.
Abri o note book, e comecei a vasculhar os e-mail’s de Nilo. Queria algum trabalho fácil, que eu pudesse fazer sem sair de casa – eu ainda não estava pronta para sair dali. O sítio tinha se tornado meu forte, e eu não sairia dali tão cedo. Os dias que passei ali tinham um gosto inconfundível de melancolia, mas foram também os dias mais silenciosos que vivi. O silêncio é bom de vez em quando; até minha alma parecia mais calma.
Não havia nenhum e-mail novo de Nilo, ou seja; o tédio era certo. Eu precisava me ocupar. Queria sentir gostos diferentes que não fossem os da melancolia, ou do tédio. Uma janela subiu, e eu me surpreendi. A criatividade parecia ter tomado conta do “ser - desocupado” que parecia estar decidido a me importunar. Ele agora tinha um nome. Matt? Nossa. Que criativo.

Matt diz:
Bom dia Anne.

Espera aí. De onde ele tirou essa intimidade toda?

Anne diz:
Em primeiro lugar, “Matt”, não me chame assim. Não te conheço.

Matt diz:
Porquê você é sempre tão mau-humorada?

Anne diz:
Eu não seria se vocês deixassem de ser tão idiotas. Aliás, esse é um defeito das pessoas desocupadas como vocês. Não tem mais o que fazer?

Matt diz:
Na verdade não. É exatamente o que eu tenho que fazer. E..não sei porquê você insiste em achar que trabalho em revistas de fofoca. Você nem ao menos me conhece Anne. Seu mau-humor é infundado.

Até que para um redator de revista de fofoca ele escrevia bem.

Anne diz:
Não te conheço, e nem pretendo.

Matt diz:
Meu nome é Matthew e preciso encontrar você. Mas você precisa querer isso.

Anne diz:
HAHAHAHAHA! CLARO. Claro! ÓBVIO! Olha aqui, Matthew né? Não quero conhecer você. Não quero ser entrevistada nem espionada. Dá pra me deixar em paz?

Matt diz:
Você não tem fé. Esse é seu maior defeito. Aliás, você não tem fé em nada...

Anne diz:
Muito menos em pessoas como você!

Fechei o note book irritada. Ele parecia mais irritante cada vez que resolvia me importunar. Era o trabalho dele...Mas qual é! Não dava pra ser um pouco menos chato? E menos insistente, talvez?

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